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Sou uma mulher, não-rica, de várias origens, que nasceu parda e hoje tem cor preta. Odeio rótulos e estereótipos. Luto pela leitura e boa educação do país. Além disso, desejo ser valorizada como agente de transformação numa sociedade que tem como principal tarefa discriminar aquele que é diferente.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A flor dá vida




A flor em seu sentido literal significa órgão de reprodução das plantas fanerogâmicas, grande divisão do reino vegetal, que compreende as plantas que dão flor.
A reprodução, por sua vez, denota produzir de novo, multiplicar, perpetuar pela geração, repetir, renovar e é justamente isso que uma flor faz. Quem não conhece uma flor? Quem não conheceu uma flor? Que sejam preservadas sempre as flores e a estação delas, pois do contrário não poderei mais fazer essas perguntas.
A flor é capaz de atravessar os tempos, no entanto, algumas estão extintas, é claro, mas muitas delas podem representar um sentimento fúnebre ou de alegria, ou até mesmo amor, paixão ou ódio, desprezo. Os significados são inúmeros basta entrar em uma floricultura e solicitar uma flor de acordo com a ocasião e o florista te dará o ramo apropriado.
Há quem diga que se você não sabe o que dá a uma mulher deve sempre optar pela flor, realmente uma flor comove, mexe com os sentimentos e a sensibilidade, além disso transmite vida a um ambiente e é utilizada como adjetivo para ressaltar a beleza feminina.
Carlos Drummond de Andrade, um crítico dessa sociedade consumida pelo medo, angústia, guerra e desilusão dos homens, em 1942, escreveu em seu livro A rosa do povo um poema chamado A flor e a náusea que diz o seguinte:
“... Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Um flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
Ilude a polícia, rompe o asfalto
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas realmente é uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no ar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.” (p. 161-2)

A flor pode ser utilizada para conotar um cartucho, uma bomba, uma morte, porém prefiro acreditar que ela traduz o desabrochar da vida, uma esperança que nasce onde parece que a causa está perdida. Por fim, prefiro acreditar que onde existe vida há esperança e com certeza uma flor.

Seja bem-vindo!

Fique a vontade, pois a casa é nossa.